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Supervisora do Hulk cobra presidente: “Tem que aparecer e se responsabilizar”

(Foto: acervo pessoal)

As declarações do preparador físico José Said, nesta terça-feira, fizeram o ambiente no Iranduba entra em ebulição de vez. Nesta quarta (14), foi a vez da ex-ateta e atual supervisora do clube, Bia Banora, dar declarações importantes sobre o atual momento do Hulk cobrando abertamente o presidente Amarildo Dutra e questionando ações de membros da comissão técnica e antigos diretores.

Ela relata que não consegue contato com o presidente desde o ano passado e que tem sido cobrada por dívidas que não lhe pertencem.

“Não falo com o presidente desde 2019, acredita? Tínhamos um número de telefone dele que nem chama mais. Eu não sei onde é a casa dele, só via ele no estádio e nas reuniões de comissão. Depois ele não foi mais nos jogos. Já estou de saco cheio de receber cobranças financeiras que não são minhas e nem da minha família. Está na hora do presidente aparecer e se responsabilizar pela dívida, defender o Lauro [Tentardini, diretor de futebol e marido de Banora], que é criticado por dívidas que não cabem a ele. Pergunto: cadê o conselho deliberativo? Ninguém aparece para ajudar, dar satisfação e a pressão cai sobre o Lauro”, disse.

Banora afirma que não fala com o presidente Amarildo Dutra (esq.) desde 2019 (Foto: acervo pessoal)

Para ela, um dos grandes problemas do clube é a interferência e pessoas que não são ligadas às funções no trabalho de supervisão e da diretoria.

“Comecei a morar com as meninas que vinham do interior e ficávamos na Vila Olímpica, e outras vezes colocavam a gente em quartel.  Eu ficava também responsável por lavar os uniformes de treino, enchia garrafa térmica de água e carregava gelo, mesmo sendo mulher. Uma vez, chegaram a nos retirar da Vila Olímpica, e se não fosse pelo Edu Lima [presidente do conselho delibrativo] nos colocar em uma casa ficaríamos na rua. Pensei que não ficaria no clube, mas o presidente  Amarildo me chamou e eu vim. Primeiro fiquei como cozinheira, e após uma viagem cheguei, e à revelia do Lauro, haviam me tirado da cozinha. Ele ficou muito chateado, pois foi a primeira interferência no trabalho dele. Depois fiquei responsável pela casa, controlava horários e a disciplina. Mais uma vez fui derrubada. Disseram ao presidente que não precisava de uma governanta na casa. Depois disso o time nunca mais correu igual corria antes”, contou.

Bia fala sobre um episódio que, para ela, foi determinante no começo do fim do auge do Hulk. Sem citar nomes, ela fala de uma espécie de processo de “fritura” do técnico Adilson Galdino, que passou pelo clube em 2018.

“Pra mim, o Iranduba ruiu de vez quando em maio de 2018, numa reunião de comissão com o presidente, um membro da comissão técnica deu nota zero para o trabalho da comissão. Foi algo muito ruim. Naquela época, estávamos em segundo no Brasileiro, só atrás do Corinthians, e com time invicto, Adilson era o técnico. Será que a nota era mesmo zero? Será que com Adilson não ganharíamos a Libertadores?”, questiona.

Rebatendo as críticas feitas por Said, Banora diz que antes de 2016, o Iranduba não poderia acumular dívidas porque deixava de cumprir com diversos compromissos.

“Li que o clube acumulou dívidas em dois anos e antes não tinha. Como teria dívida?  Morávamos na Vila Olímpica, não tínhamos salário, apenas passagens. e 2013 a 2015, eu só recebi 100 reais, uma única vez, mesmo com tudo o que fazia. Tem uma situação que não falam: o Lauro pegou dinheiro dele para emprestar para o presidente mandar os atletas do masculino embora, pois o clube não tinha dinheiro para passagens aéreas. Ele receberia de volta em maio de 2019 e até agora nada”, relatou.

Bia afirma que de 2013 a 2016 recebeu apenas R$ 100, uma única vez (Foto: acervo pessoal)

Banora citou o ex-técnico e ex-diretor técnico do clube, Olavo Dantas, ao relatar que foi pêga de supresa em 2016 ao saber que a CBF pagava a hospedagem das atletas dos clubes particpantes da Copa do Brasil de futebol feminino, isso porque, segundo ela, em 2015, na mesma competição, a equipe ficou hospedada em um quartel.

“Apenas em 2016 ficamos sabendo que vinha dinheiro pra hospedagem e alimentação na Copa do Brasil. Afinal em 2015, ficamos hospedadas num quartel em Boa Vista/RR, na primeira fase. Já em 2016, na Copa do Brasil, na mesma Boa Vista/RR, o clube ficou hospedado em hotel. Nos foi explicado que a CBF mandava dinheiro para esta despesa. E pergunto: por que ficávamos em quartel?”, disse.

Ao ser perguntada sobre quem era o responsável por essa questão à época, Banora disse “Para nós, era o Olavo”.

Procurado pela reportagem do Portal Esporte Manaus, Olavo Dantas, que é militar, se mostrou surpreso com as declarações de Banora a seu respeito, mas confirmou que o clube ficou, e não apenas uma vez, hospedado e quarteis em viagens pela Região Norte. Segundo ele, isso foi feito seguindo uma determinação do presidente Amarildo Dutra.

“Eu nunca peguei em dinheiro no Iranduba. Quem resolvia todas essas questões na minha época era o presidente Amarildo e o conselho delibrativo, que lidavam com o dinheiro que o clube recebia. Na Copa do Brasil, o clube arcava com as depesas e era reembolsado depois, e o que me foi passado era que as meninas ficaram em quarteis para redução de custos. A minha surpresa é a Banora, que foi minha atleta, não saber disso, mas ela está no direito dela de questionar. Só que ela tem que fazer isso para o presidente”, concluiu Olavo.

O Portal Esporte Manaus também não conseguiu contato com o presidente Amarildo Dutra. Ele não tem feito aparições públicas e sua entrevista mais recente disponível na internet é de quatro meses atrás.

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