Rossini nega estupro e fala em retaliação do Manaus por ação trabalhista de R$ 500 mil

(Foto: Janailton Falcão)

O ex-atacante do Manaus FC, Rossini, veio a público, na noite desta segunda-feira (12), e se manifestou, por meio de uma nota de repúdio, sobre a acusação de tentativa de estupro registrada contra ele numa delegacia da capital amazonense, há cerca de uma semana. O caso veio à tona no final de semana.

O atleta, que deixou o clube no final de 2020, acusou o Manaus de retaliação, por conta de uma ação trabalhista que ele move contra o clube, na qual ele cobra cerca de R$ 530 mil. De acordo com o jogador, esse processo tem audiência marcada para os próximos dias.

Na nota, Rossini nega mais de uma vez a acusação e afirma que recebeu um contato do departamento jurídico do Manaus informando sobre a acusação.

Confira a nota na íntegra

‘NOTA DE REPÚDIO E ESCLARECIMENTOS

Tomei conhecimento dos fatos que estão sendo imputados à minha pessoa e por este motivo venho a público, repudiar os falsos atos de assédio, supostamente, praticados em 2019, em face de uma funcionária do Manaus Futebol Clube.

Importante ressaltar, que no ano de 2019 não foi realizado nenhuma notícia crime sobre tal fato ou qualquer registro da suposta ocorrência.

O departamento jurídico do Manaus Futebol Clube jamais havia entrado em contato comigo no período que permaneci no clube. Contudo, após receber a notificação da ação trabalhista, a qual ingressei pleiteando meus direitos, o departamento jurídico do clube por “coincidência” me contactou para tratar sobre a suposta acusação. Comprovando que se trata de uma retaliação desonesta para prejudicar minha imagem e minha história vitoriosa com a instituição Manaus Futebol Clube.

O conteúdo que está sendo veiculado pelos meios de comunicação do Estado do Amazonas é bastante relevante e deve ser transmitido com seriedade, oportunizando a oitiva da parte adversa. Ninguém deve ser exposto sem verificar a veracidade dos fatos, o tema em questão não deve ser banalizado, tendo em vista, que a imagem e reputação das partes envolvidas são afetadas.

Quem me conhece sabe da minha conduta e do meu profissionalismo. Sempre me portei de maneira digna e agora me vejo passando por um momento bastante delicado. Estou sendo julgado por um fato inexistente, sem qualquer comprovação do fato que me é imputado.
Por fim, agradeço a todos meus familiares, amigos, aos torcedores do clube que se preocuparam de escutar minha versão sobre a falsa acusação e nada do que for falado vai sujar minha história vitoriosa com a instituição Manaus Futebol Clube, que devo muito respeito e consideração por toda trajetória.

Encerro a presente nota com os seguintes questionamentos: Por qual motivo, tal fato apenas foi noticiado poucos dias antes da audiência trabalhista, com aproximadamente dois anos após o suposto ocorrido, e absolutamente falso?

Tendo o fato supostamente ocorrido em 2019, e possivelmente dentro das dependências do clube, porque só agora no início de março de 2021 o departamento jurídico do clube e sua diretoria teriam entrado em contato comigo para relatar a suposta ocorrência?

Esclareço que estou à disposição para buscar a verdade real dos fatos, disposto a colaborar com a investigação das autoridades judiciárias e certo da minha inocência.

Manaus/AM, 12 de abril de 2021.

ROSSINI ALBERTO DOS SANTOS”, diz a nota, que leva a rubrica do jogador.

Ação trabalhista

O Portal Esporte Manaus teve acesso à ação movida por Rossini contra o Manaus no Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, cobrando R$ 529.385,79. O processo teve início no final de janeiro, pouco mais de um mês após ele deixar o clube. No documento, o jogador relata, através de sua assessoria jurídica, que apenas uma parte do salário acordado era pago em carteira, mais precisamente apenas um salário mínimo (R$ 1.006). Na época, Rossini acertou um salário de R$ 6 mil, que posteriormente viraram R$ 7 mil e em seguida R$ 10 mil, em sua última temporada no clube.

O jogador também afirma que não recebeu auxílio do Manaus para se tratar da lesão sofrida na partida diante do Coritiba, na qual, com um gol do atleta, o Gavião passou de fase na Copa do Brasil. Ele teria custeado sozinho a fase final do tratamento de um trauma no joelho.

A ação também cita um “acordo emergencial” que teria sido feito pelo Manaus para redução do salário de todos os atletas no início de abril de 2020, ainda no começo da pandemia de Covid-19, quando o futebol estava paralisado e sem previsão de retorno. Rossini alega que não teria aceitado fazer parte do acordo e mesmo assim teve seu salário reduzido pela metade.

O documento, que você pode conferir na íntegra abaixo , ainda traz outras reclamações envolvendo fragmentação de salários e outros episódios onde o Manaus teria sido negligente com lesões do jogador.

O Manaus, através de sua assessoria de imprensa, informou que não vai se pronunciar, ao menos por ora, sobre as declarações do atleta.

Saiba mais > Rossini é acusado de tentativa de estupro por ex-funcionária do Manaus FC <

Entenda o caso

A Polícia Civil confirmou nesta segunda-feira (12) a autenticidade de um boletim de ocorrência que começou a cirular nas redes sociais neste final de semana, onde uma mulher que não teve a identidade revelada acusa o ex-atacante do Manaus, Rossini, de uma tentativa de estupro, quando os dois ainda trabalhavam pelo clube esmeraldino.

De acordo com o documento, registrado no 12º Distrito Integrado de Polícia (DIP), a ex-funcionária do Manaus relatou que sofreu uma tentativa de estupro no dia 10 de junho de 2019. Segundo o boletim de ocorrência, ela estava numa casa, localizada no bairro Parque das Laranjeiras, onde parte dos jogadores moravam – incluindo Rossini – e o time se concentrava antes dos treinos. Enquanto a funcionária preparava o café da manhã da equipe, por volta de 7h, Rossini teria ido até a copa, e iniciado um assédio verbal. A mulher relatou à polícia que, na sequência, o jogador mostrou seus genitais, a beijou de maneira forçada e a empurrou contra a parede. No depoimento consta ainda que a vítima empurrou Rossini e gritou por ajuda.

Segundo o delegado Mauro Soares, titular do 12º DIP, que se manifestou através da assessoria de imprensa, as investigações estão em andamento, só que mais informações não poderão ser repassadas para que o trabalho dos policiais não seja atrapalhado.

No domingo (11), o Manaus emitiu uma nota se dizendo estarrecido com a denúncia e afirmando que o clube não teve conhecimento sobre o episódio, sendo surpreendido com a divulgação do caso e se colocando à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos e apoio à vítima.

Confira a nota do Manaus

O Manaus FC vem a público estarrecido com a denúncia de abuso sexual, envolvendo o ex-jogador do clube, Rossini, fato que teria ocorrido em 2019. O clube, em momento algum, teve conhecimento sobre o episódio, sendo surpreendido com o caso divulgado em portais de noticias locais. O MANAUSFC e toda a sua diretoria estão à disposição das autoridades competentes para os devidos esclarecimentos, contribuindo no que for possível, além de já estar prestando o devido apoio e ajuda necessários à vítima – tanto psicológica quanto jurídica. Por fim, o clube defende e enfatiza que mulher nenhuma merece passar por qualquer tipo de violência, e repudia tal ação.