Copa da FlorestaEsporte local

A um passo do sonho do título da Copa da Floresta, presidente da liga de Silves revela ponto chave para os desafios superados: “Nossa união foi fundamental”

Renen William destacou a raça do povo silvense, falou sobre os preparativos da seleção para a grande final e contou um pouco da sua trajetória no futebol não profissional no interior do Amazonas

Ensinado e preparado para superar os desafios peculiares do maior e mais diverso estado do Brasil, o povo amazonense mantém vivo e segue nutrindo, de diversas maneiras, o amor pelo esporte e a força originária de seus ancestrais. Um grande exemplo dessa paixão enraizada vem da seleção municipal de Silves (a 181 quilômetros de Manaus), que se prepara para a grande final da segunda edição da Copa da Floresta, no dia 23 de novembro.

Após meses de uma disputa repleta de treinos, viagens desafiadoras e partidas emocionantes sob os olhares dos interioranos apaixonados pelo esporte mais popular do país, o presidente da Liga Silvense de Esportes Amadores, Renen William, revelou o ponto chave para que a equipe superasse não só os adversários dentro das quatro linhas, mas todas as dificuldades para chegar à decisão da maior competição de futebol não profissional da região Norte do Brasil.

“Estamos muito focados para representar bem nosso município nessa grande decisão. Sabemos que o adversário é forte jogando em casa, mas nós já estamos acostumados a conquistar resultados históricos fora de casa. Não estamos nessa final à toa, lutamos muito em jogos dentro e fora de casa. Posso afirmar que o que foi fundamental para estarmos na final foi nossa união, quando ninguém acreditava, nós acreditávamos no potencial de todos. E aqui estamos na final, prontos para fazer história no futebol silvense. Temos qualidade e a raça silvense de nunca desistir e sempre sonhar alto”, destacou.

Desbravando rios e estradas em busca de um sonho

Toda a motivação que envolve o sonho de representar e ser campeão com a seleção do município serve como combustível para que os silvenses desbravem rios e estradas rumo à conquista da Copa da Floresta, competição que tem a honra de contar com a chancela da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). E foi assim, desafio após desafio, que a seleção de Silves se colocou entre as duas melhores seleções do estado.

“Montamos um elenco junto com a comissão técnica, poucos acreditavam no grupo. Aos poucos fomos mudando, fizemos jogos ruins e bons, mas fomos passando de fase, tivemos inclusive uma revanche quando eliminamos a seleção de Urucará, também passamos pelo atual vice-campeão, Urucurituba, em dois jogos difíceis. E na semifinal, veio o desafio da distância, pois pegamos Humaitá, cidade muito distante de Silves. Para jogar a partida de volta, enfrentamos mais de 26 horas de viagem, entre ônibus e embarcações, e garantimos a vaga na final na disputa de pênaltis. Agora na grande decisão, teremos outra viagem muito longa até Fonte Boa, mas para quem sonha não há distância que impeça de realizar”, assinalou Renen William.

Os talentos vem do interior do interior

Terra de muitos talentos, o futebol amazonense já foi e segue sendo a casa de muitos excelentes jogadores nascidos no interior do maior estado do país. Recentemente, a Seleção Brasileira Feminina pôde contar com o talento de duas amazonenses nascidas fora da capital. E claro que na copa dos povos da floresta, essas joias esportivas também vêm do Amazonas mais profundo.

O presidente da Liga Silvense relata as dificuldades de deslocamento e a cansativa rotina dos atletas ribeirinhos, que dividem seus afazeres profissionais e familiares com os treinamentos para a disputa da Copa da Floresta. Porém, William reitera que essas peculiaridades do Amazonas são uma motivação a mais para que os silvenses sigam focados na realização de seus sonhos.

“Estamos voltando aos treinos, a estiagem está prejudicando um pouco nossas programações, porque temos muitos atletas que vem do interior do município de Silves, comunidades mais afastadas da cidade, e torna mais dificultoso chegar e voltar à noite. Essa é uma realidade que já estamos acostumados e precisamos encarar e acredito que vamos nos preparar bem para fazer um bom jogo na final. Estamos a um passo de fazermos história e não vamos deixar escapar, sempre respeitando o adversário, sabemos que eles também têm seus potenciais, desejo boa sorte, mas que no final nós de Silves sejamos mais felizes” completou.

A história de quem não deixa de sonhar

Renen William Costa Amaral, nasceu no dia 28 de dezembro de 1985, filho de Cristóvão Batista Amaral e Antônia Costa Amaral, Renen é casado com Denise Araújo, com quem tem dois filhos, Estephany Rihana Terço Amaral e Cristóvão Batista Amaral Neto. Além do casal com sua atual esposa, ele tem mais três filhos do primeiro casamento.

Ex-jogador de futebol não profissional no município de Silves, Renen, passou por um episódio que o impediu de continuar praticando o esporte que mais ama, porém não o impediu de continuar contribuindo para a evolução do futebol silvense. Desde a precoce aposentadoria, passou a atuar fora das quatro linhas.

“Comecei a jogar muito cedo, mas em 2003, perdi um lado da minha perna, foi um período muito difícil, estava sendo convocado pela primeira vez para a seleção sub-19 do município e foi um choque pra mim. Fui me recuperando, sabia que nunca mais ia jogar, mas nunca deixei de sonhar, sempre quis estar no meio do futebol, foi assim que eu e uns colegas fundamos um clube para participar de campeonatos de várzea e sete anos depois nos filiamos à Liga Silvense. Nesse período todo fui presidente do clube, técnico, patrocinador, o clube foi crescendo e fomos coroados em 2016 e 2017 com o bicampeonato silvense. Além disso, também sempre gostei de realizar campeonatos infantis, adultos e feminino”, contou o presidente.

Após experiências como diretor e vice-presidente da Liga Silvense, William foi eleito para a presidência da liga e deu continuidade ao trabalho de anos. Compartilhando com os silvenses todo amor pelo futebol, característico dos povos da floresta, o presidente agora está a uma partida de tornar realidade o sonho que não pôde realizar como jogador.

“Como ex-atleta e presidente de clube, sei como é difícil e tudo que envolve a disputa de um campeonato tão importante como a Copa da Floresta. Tenho meus métodos de gerir e não gosto de me envolver nos trabalhos da minha comissão, tenho total confiança na capacidade dela e dos atletas e acredito que esse possa ser outro diferencial da nossa seleção. Conquistar a Copa da Floresta é um sonho que tenho, mesmo não sendo como atleta, mas como presidente da Liga, e sei que estamos muito perto. Também tenho o sonho de ver meu filho um dia representar nossa seleção e realizar os sonhos dele”, declarou Renen William.

Com informações da Assessoria de Comunicação da Federação Amazonense de Futebol (FAF)