Sou um adepto da modernização tecnológica de todos os equipamentos, em todos os níveis, e em todas as áreas da prestação de serviço, privada ou pública. Na área esportiva, acredito que seja perfeitamente admissível porque é necessário aprimorar conhecimentos, treinamentos, aperfeiçoamento individual dos atletas e até mesmo as práticas de esportes coletivos.
Todavia, no futebol, criou-se esse fantasma do VAR, que gerou uma polêmica entre aqueles que são a favor e os contrários. Eu discordo em partes porque foi um instrumento que veio com o escopo de definir e tirar dúvidas, se a bola entrou ou não no gol, por exemplo. Até aí, não tenho nada a acrescentar, porque no futebol existem muitas jogadas duvidosas que olhos dos árbitros veem, mas não enxergam. Por que não veem?
Na última quarta, 14, houve a cobrança interessante de uma penalidade no jogo do América de Minas Gerais x Ferroviário. O auxiliar ficou colocado no poste lateral do gol enquanto a cobrança foi feita. A bola bateu no travessão, caiu dentro do gol, voltou e o bandeira não viu que foi gol. Ora, se o VAR foi acrescentado para dirimir dúvidas, por problemas de má colocação ou falta de visibilidade do árbitro, este é o momento no qual ele deve ser acionado.
Mas, veja bem, quem aciona o VAR é o árbitro, o que não está acontecendo em muitos casos. O VAR é que está acionando o árbitro. É nessa questão que me coloco contrário, às atitudes de decisão entre árbitro e VAR. Esse equipamento não é regra, só veio para auxiliar. Regra é impedimento, colocação dos jogadores, juiz aplicando as leis e os bandeirinhas bem colocados. Regra é o árbitro impedir a violência e fazer cumprir as normas do futebol, mas o VAR não é regra.
Então, considero a opção do VAR uma intromissão indébita no jogo. O correto seria o árbitro pedir o auxílio do VAR para saber se a bola entrou, se não entrou. Mas o que se vê é o exemplo do último jogo entre Flamengo e Palmeiras. O árbitro Leandro [Pedro Vuaden] estava dentro da área, próximo da bola, quando viu o jogador do Flamengo derrubar o jogador adversário na grande área. Ele foi muito seguro com sua marcação do pênalti. Isso demonstrou que ele não tinha dúvidas.
Agora, a pergunta que não quer calar: quem foi que soprou no ouvido que deveria conferir o lance? Só pode ter sido o VAR, o que acho incorreto porque tira a moral do árbitro, quebrando um princípio de atitude soberana que é respeitada por muitos anos. Você concorda com isso? Eu não.
Um abraço do Jota.
Jota Moraes é paraense, jornalista e ex técnico de futebol. Atuou desde os 19 anos dirigindo times do Pará, Amazonas e Acre, tendo dividido campo com Pelé e outros craques da seleção brasileira. Hoje é aposentado, casado e entusiasta da internet. “Antes tarde do que nunca” é o seu lema. As opiniões expressas em sua coluna não necessariamente refletem as do Portal Esporte Manaus.