(Foto: João Normando/FAF)
Pelos próximos dois anos, a cidade de Caapiranga não será representada na Copa dos Rios. Na sessão da última sexta-feira (3) no Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas (TJD-AM), o município foi condenado, por unanimidade de votos, à suspensão de 720 dias e ao pagamento de R$ 40 mil de multa por conta da confusão generalizada causada na semifinal da competição sub-23 contra Canutama, no último dia 23 de novembro, no estádio da Colina.
Relembre o caso
Diferente de todas as fases anteriores, as semifinais da Copa dos Rios aconteceram na capital amazonense, conforme previsto. Devido a problemas na logística dos estádios por conta da presença de quatro seleções femininas do Torneio Internacional em Manaus, as partidas mudaram de local e horário algumas vezes, chegando à data final de 23 de novembro, com o primeiro jogo entre São Sebastião do Uatumã e Uarini às 13h30 e o segundo entre Canutama e Caapiranga às 15h30, ambos no estádio da Colina.
O grande problema foi a falta de policiamento nas duas partidas. A FAF alegou que chegou a solicitar, mas como a confirmação das partidas aconteceu na manhã do dia em questão, a segurança não se fez presente, e por pressão de representantes das equipes, os jogos aconteceram assim mesmo, com todos desamparados. Além do mais, os portões para as quatro torcidas foram abertos, a situação estava desenhada.
A vitória e classificação de Uarini por 3 a 2 contra São Sebastião do Uatumã ocorreu normalmente, sem problema algum ao longo dos 90 minutos, dentro e fora de campo. A confusão começou já na segunda metade da etapa complementar da segunda semifinal, a partir da validação de um gol de Canutama pelo árbitro principal Rafael Ramos Tourinho, que havia sido anulado segundos antes pelo árbitro assistente Hugo Agostinho.
A torcida de Caapiranga se revoltou e começou a atirar latas e garrafas em direção ao campo. A partida foi paralisada por cerca de 10 minutos até que os ânimos fossem acalmados. Já perto do apito final, Canutama ampliou o placar para 2 a 0 e selou a passagem para a decisão. Em total descontrole após o fim do jogo, a torcida de Caapiranga voltou a lançar objetos no gramado, até mesmo uma lata de lixo.
Dentro do campo, autoridades, torcedores e alguns jogadores do município também partiram para agressões contra membros da organização do torneio e o quarteto de arbitragem. Apenas a assistente Anne Kesy Gomes conseguiu se esconder em uma ambulância e escapou da perseguição. Apesar de tudo, ninguém se feriu gravemente.
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Punições
Além de Caapiranga, a Federação Amazonense de Futebol (FAF) e o coordenador do evento e delegado da partida, Lázaro D’Ângelo, foram multados em R$ 20 mil e R$ 5 mil, respectivamente, por não terem garantido a segurança necessária para a realização das partidas.
O árbitro Rafael Ramos Tourinho foi suspenso por 90 dias e sujeito à multa de R$ 7 mil, enquadrado no artigo 267 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que sugere punição caso o responsável pela arbitragem “deixe de solicitar às autoridades competentes as providências necessárias à segurança individual de atletas e auxiliares ou deixar de interromper a partida, caso venham a faltar essas garantias”.
Por envolvimento na confusão, o vice-presidente da Liga de Caapiranga, Kelinho Macena, e o atleta Bruno Moura foram suspensos por 365 dias. O dirigente ainda pagará uma multa de R$ 5 mil. No imbróglio todo, ainda sobrou uma suspensão de 180 dias para o volante Júnior Baé, campeão da Série B do Amazonense com o Manauara. Natural de Caapiranga, ele acompanhou a partida torcendo pelo município e participou do tumulto depois do apito final, tendo agredido Tourinho.
Mesmo que a primeira partida entre São Sebastião do Uatumã e Uarini não tenha dado nenhuma ocorrência, o fato da bola ter rolado sem a presença de policiamento já foi suficiente para que a FAF, o coordenador do evento e o árbitro Halbert Luis Moraes Baia fossem multados. Assim como Tourinho, Halbert foi suspenso por 90 dias e terá que desembolsar R$ 2 mil.