Ícone do site Portal Esporte Manaus

Iranduba abre o jogo sobre dívida milionária e “calote” de patrocinador

(Foto: Marcos Dantas)

Semifinalista da Libertadores de 2018 do Brasileirão de 2017, o Iranduba se aproximou da queda para a segunda divisão nacional ao perder o confronto direto em casa para o Minas Icesp-DF, na última segunda-feira (5). E muito deste quadro do clube, que hoje atua com jogadoras emprestadas pelo rival 3B, passa pela situação financeira do Hulk, cuja dificuldade já era conhecida. Só que nos últimos dias, o drama se transformou em números, que até então eram mantidos em segredo, mas que ao vir à tona deram uma dimensão real da crise dentro do mais importante clube do futebol feminino amazonense na atualidade.

De acordo com o diretor de futebol, Lauro Tentardini, o Iranduba hoje tem uma dívida que beira R$ 2 milhões, entre salários e outras despesas que correm desde fevereiro de 2019, quando o contrato com a Vegan Nation, multinacional de serviços de alimentos veganos, foi assinado e desde então, nenhum centavo foi pago. O acordo previa que a empresa israelense pagasse o valor referente ao patrocínio somente em moedas digitais, as “criptomoedas”. Segundo uma previsão dos empresários, a “vegan coin” ingressaria no mercado em maio do mesmo ano e teria o valor de US$ 0,5 (meio dólar). Assim, o Iranduba poderia resgatar os valores para honrar seus compromissos.

Contudo, a previsão dos empresários não se realizou, e mesmo com o parceiro estipulando novas datas para o ingresso da moeda em algum mercado, o combinado não foi cumprido e um ano e oito meses depois, o clube ainda não viu a cor do dinheiro que foi prometido.

Fundado em 2011, Iranduba vive o momento mais delicado de sua história / Foto: Marcos Dantas

Lauro conta que diante desses novos prazos e de seguidos atrasos, ele tinha a pretensão de buscar solução na Justiça ainda em 2019, o que não aconteceu pela falta de permissão do presidente do clube, Amarildo Dutra, que segundo o cartola, confiava que em algum momento os débitos seriam pagos. O vínculo inicial previa um ano de contrato, mas foi renovado sob a promessa de que todas as dívidas com o clube amazonense seriam sanadas em março deste ano, o que não aconteceu.

“Fui apresentado à VeganNation por uma pessoa de confiança que representava a empresa, contudo, logo depois essa pessoa saiu. Chegou março (outro prazo estipulado) e eles não cumpriram o prometido. Eu teria entrado na justiça já no ano passado, mas o presidente confiou (que a dívida seria paga)”, afirmou.

Em virtude de uma cláusula de confidencialidade no contrato, vigente até dezembro deste ano, os valores que a empresa deve não podem ser revelados, mas de acordo com o diretor, caso os débitos fossem pagos hoje, cobririam as dívidas do clube, que somadas, resultam no valor exato de R$ 1.731.283,00. Deste montante, R$ 975.283,00 correspondem a dívidas com parte das folhas salariais de 2019 e 2020 , 13º e férias, rescisões e negociações trabalhistas. O clube deve ainda R$ 62 mil de passagens aéreas, R$ 42 mil de despesas em hospitalares, R$ 538 mil em empréstimos, R$ 12 mil de transportes, R$ 80 mil de aluguel e R$ 22 mil de duplicatas.

Gota d’água

Na tentativa de arrecadar recursos para sobreviver à crise causada pelo “calote” e manter a equipe na disputa da Série A1, o Iranduba lançou em junho deste ano, uma vaquinha online com a meta de conseguir R$ 900 mil, contudo, até o momento, apenas cerca de R$ 5 mil foram arrecadados. Tentardini ainda desabafou, dizendo que divulgou o montante da dívida contra a vontade do presidente do clube devido a várias acusações e comentários dizendo que o mandatário teria embolsado valores da arrecadação e que estaria recebendo salários em meio à falta de dinheiro.

Lauro se revoltou após ser atacado em transmissões que tem participado como comentarista / Foto: Marcos Dantas

“Contra a vontade dele (presidente) divulguei esses números, o que fiz para defender minha honra. Sou jornalista e estava trabalhando comentando a partida do Iranduba, assim como nos jogos das Séries C e D, para sustentar minha família, como todos precisam. É uma falta de respeito as pessoas falarem que os 900 mil pedidos na “vaquinha” eram para dirigente embolsar. Queria dizer que eu nunca embolsei nada do Iranduba que não fosse meu, inclusive a maior dívida do Iranduba acredito que seja comigo. Emprestei dinheiro pro Iranduba. Cansei de ouvir que a Bia (supervisora do Iranduba e esposa de Lauro) e eu estamos recebendo. Ela, que está desde 2013 no clube, só começou a receber algo na minha gestão, em 2016, porque o Iranduba não pagava. Expus a realidade financeira do clube para me defender dos comentários inverídicos que fazem a meu respeito. Até minha mãe, que está no Rio Grande do Sul, já ajudou o clube”, revelou o dirigente, que na última semana chegou a fazer um desabafo nas redes sociais.

Sair da versão mobile