(Foto: Arquivo Pessoal)
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) divulgou, na última terça-feira (6), a lista oficial de atletas convocadas para os Jogos Paralímpicos de Tóquio na modalidade de Vôlei Sentado feminino. A amazonense Laiana Rodrigues está entre os 12 nomes e vai em busca de mais uma medalha para o Brasil na modalidade. A competição começa no dia 24 de agosto, e o Brasil ainda irá conhecer suas adversárias.
Laiana vai para sua segunda participação em Jogos Paralímpicos. Na estreia, na Rio 2016, conquistou a medalha de bronze com a equipe brasileira. Além deste feito, soma outras três medalhas de Prata nos Jogos ParaPanamericanos de 2015, 2017 e 2019, este último disputado em Lima, que garantiu a classificação para Tóquio. Ansiosa por mais uma competição com a Amarelinha, Laiana externou a sede pelo Ouro.
“Toda vez que recebo uma convocação da seleção brasileira, pode crer que é uma alegria e tanto, imensurável, porque o sonho de todo atleta é poder chegar numa seleção. Me deixa muito feliz e grata, convicta de que está sendo feita a coisa certa. Esta será minha sétima participação em competições internacionais, todas visando pontuação para que pudéssemos chegar nesse feito, de estar ranqueadas entre as oito melhores seleções do mundo. É uma honra com certeza, ainda mais podendo representar o Norte, o Amazonas, onde quase não vemos investimento em esportes paralímpicos. Uma honra estar ao lado dessas meninas guerreiras, com uma enorme responsabilidade”, disse.
A lista completa de convocadas tem: Adria Jesus, Ana Luísa Soares, Bruna Lima, Camila Leiria, Edwarda Oliveira, Gizele Costa Dias, Jani Freitas, Laiana Rodrigues, Luiza Fiorese, Nathalie Filomena, Nurya Almeida e Pamela Pereira.
Carreira no vôlei convencional interrompida
Por trás da bela carreira que construiu, Laiana carrega consigo uma história que serve de exemplo e inspiração. Apesar dos 39 anos de idade, a amazonense iniciou no Vôlei Sentado há apenas seis anos, depois de um longo período de aceitação e superação de um problema de saúde que limitou o movimento de uma das pernas na juventude.
Ativa no voleibol convencional desde os 14 anos, chegou a disputar torneios estaduais e nacionais, mas teve sua carreira interrompida aos 18, quando um quadro de dengue hemorrágica aacabou desencadeando a Síndrome de Guillain-Barré, doença que atinge o sistema imunológico e que causou uma sequela na perna direita. Ela conta as dificuldades que passou para assimilar os acontecimentos.
“A situação foi triste, porque ninguém aceita, você está bem e de repente acorda mal, sem andar, mas graças a Deus tudo isso foi superado. Como adquiri a deficiência, imaginei que havia acabado para mim. Consegui um emprego e busquei tratamento, depois disso, consegui uma bolsa de estudos na área de educação física, me formei em 2009 e através da área, conheci a modalidade e comecei a trabalhar com pessoas deficientes também”, disse.
Superação e retorno ao esporte
Distante da prática esportiva, a amazonense não imaginava que pudesse voltar a atuar em nível competitivo novamente. Até que em 2014, durante uma visita do ex-jogador Amauri Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de Vôlei Paralímpico (ABVP), que conheceu a história e viu potencial em Laiana, ela acabou convidada para um período de testes na seleção de Vôlei Sentado. No início do ano seguinte, Laiana chegou a São Paulo, agradou e por lá ficou, chegando a se tornar atleta do SESI Suzano em 2016, por onde atua até hoje e coleciona cinco títulos nacionais.
O plano de Laiana é finalizar o ciclo de Tóquio e retornar a Manaus para montar um projeto na modalidade. Ela conta a expectativa e enxerga que a Seleção Brasileira está no mesmo nível das demais.
“Confesso que no início senti um pouco de receio, não só eu, mas a equipe, por conta da pandemia, problemas que nós passamos. Mas hoje a expectativa é bem gostosa, positiva. Em comparação a outras seleções, acredito que a disputa está bem equiparada e vamos promover um bom espetáculo com certeza”, disse, entusiasmada.
Como funciona a modalidade
No vôlei sentado, podem competir homens e mulheres com alguma deficiência física ou relacionada à locomoção. Assim como no voleibol olímpico, a partida é decidida em cinco sets. O vencedor da parcial é o time que fizer 25 pontos primeiro, e o tie-break vai até 15 pontos. A quadra mede 10 metros de comprimento por 6 metros de largura. A altura da rede é de 1,15m no masculino e 1,05m no feminino. É permitido bloqueio de saque, mas os jogadores devem manter o contato com o solo o tempo todo, exceto em deslocamentos. São seis jogadores em cada time.
Os jogadores do vôlei sentado são classificados em duas classes: elegíveis e com mínima elegibilidade. Na primeira, estão aqueles com amputações e com problemas locomotores mais acentuados. Na mínima elegibilidade, os atletas têm deficiências quase imperceptíveis, como problemas de articulação leves ou pequenas amputações nos membros. Cada equipe só pode contar com dois jogadores de mínima elegibilidade, e os dois não podem estar em quadra ao mesmo tempo.
O voleibol sentado está nos Jogos Paralímpicos desde Arnhem, em 1980. Até a Paralimpíada de Sidney (2000), as competições eram divididas em duas categorias: sentado e em pé. A partir de Atenas (2004), as disputas ficaram restritas ao voleibol sentado. Na Rio 2016, oito seleções masculinas e oito femininas lutam pelo pódio.
*com informações do Jornal do Comércio