Torcedor do AM está dividido quanto à volta de público aos estádios
(Foto: Marcos Dantas)
Esta semana, o Manaus FC fez uma consulta à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para saber sobre a possibilidade de voltar a jogar com público em casa, e recebeu uma resposta negativa da entidade. Questionado sobre a volta de público aos estádios, o torcedor amazonense demonstrou estar bem dividido. Em uma enquete realizada pelo Esporte Manaus, 51,9% respondeu que iriam aos estádios caso eles reabrissem à torcida hoje, enquanto 48,1% disseram que não iriam.
Há pouco mais de um mês, a capital amazonense voltou a ter um jogo de futebol, após a parada por conta da pandemia de Covid-19. Assim como a maioria das principais ligas pelo mundo, todas as divisões nacionais do Brasil têm sido disputadas sem a presença de público. Competições como a Champions League e a Libertadores da América também tem seguido o mesmo protocolo.
Nas redes sociais do Esporte Manaus, o público repercutiu o assunto, e os favoráveis à volta do público aos estádios usaram como argumento o fato de que vários outros serviços, onde as pessoas ficam aglomeradas, já foram liberados há algum tempo, como o torcedor Vinícius Souza, por exemplo. “Com certeza. Mais seguro que os ônibus lotados de cada dia”, comentou.
Outro torcedor que se mostrou favorável ao retorno da torcida foi Marcos Moreira: “Bares e casas de show abertos e estádio não pode? Se abrir amanhã, estarei lá”, afirmou.
O Governo do Amazonas iniciou a reabertura gradual do comércio em 1º de junho deste ano. Estabelecimentos como bares e flutuantes foram autorizados a retomar as atividades no dia 6 de julho. Com o retorno de serviços considerados não essenciais, os manauaras voltaram a utilizar com mais frequência o transporte público, onde aglomerações são frequentes, tanto nas paradas, quanto dentro dos ônibus.
Panorama do estado
Esta semana, após meses de queda nos números, o Amazonas registrou um aumento na taxa de ocupação de leitos de UTI e clínicos de hospitais da rede pública e privada, para casos de Covid-19. Em nota, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), afirmou que os indicadores apontam um movimento de alta na média móvel de internações pela doença, mas descartou que o Estado esteja vivendo uma segunda onda de covid-19.
Ainda segundo a FVS-AM, esse aumento de internações é reflexo das aglomerações, cada vez mais frequentes, ocasionadas por uma parcela significativa da população que não adotou e, cada vez mais, está abandonando medidas como distanciamento social, uso constante de máscara e lavagem frequente das mãos.
Nesta sexta-feira, a prefeitura de Manaus anunciou que irá fechar o acesso à praia da Ponta Negra, um dos locais que mais tem registrado aglomerações na cidade. A praia será fechada a partir deste final de semana.
Mas por que torcedores topam voltar aos estádios, mesmo sob risco?
De acordo com a psicóloga Patrícia Serudo, que também é ex-presidente de Manaus FC e Penarol, e conhece bem a realidade do esporte local, as pessoas que vão aos estádios vivem essa rotina mais intensamente. Ao explicar um dos motivos pelos quais as pessoas querem voltar a frequentar as praças, a especialista em psicologia esportiva afirma que ir ao estádio não está ligado apenas ao fato de assistir a um jogo de futebol.
“É muito mais os sentimentos e emoções que isso proporciona ao torcedor. É, muitas vezes, a reunião em família, a adrenalina de comemorar um gol, o alívio quando o goleiro salva o gol adversário, cantar junto com a torcida, estar na companhia dos amigos, comentar o jogo e etc”, explicou a psicóloga.
Patrícia aponta que a paralisação dos campeonatos deixou uma lacuna, que gera incômodo no torcedor, mas alerta para os possíveis perigos de um retorno, em meio à situação que a cidade está passando, e aponta dois pontos importantes para serem discutidos.
“Ao visualizar um retorno, o torcedor pode até ignorar o momento que estamos vivenciando, para preencher este vazio. Isso pode acontecer até mesmo inconscientemente, quando o torcedor justifica o retorno, se apegando aos protocolos de segurança. Porém, há dois pontos para se discutir: a aferição de temperatura não é eficiente para os assintomáticos, e o outro ponto é que temos a cultura do abraço. Garantir que o torcedor cumpra todas as normas de segurança é uma missão árdua”, finalizou.