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Torcedor do Fla registra o próprio filho, em segredo, de Gabriel Henrique Arrascaeta, no AM

(Foto: Arquivo Pessoal)

Até onde o amor pelo clube do coração pode levar os torcedores? No caso do barbeiro Gênesis Braga da Silva, de 26 anos, seu fanatismo pelo Flamengo o levou a batizar seu filho homenageando três atletas marcantes da história vitoriosa recente do clube. Na Maternidade Dona Nazira Daou, em Manaus, às 17h31 do último dia 12 de abril, nasceu Gabriel Henrique Arrascaeta Chagas da Silva. O nome foi, digamos, um pouco diferente do combinado com a esposa antes do parto. Sem o consetimento dela, Gênesis ousou e registrou a criança com a homenagem ao trio Gabigol, Bruno Henrique e De Arrascaeta.

O ano de 2019 foi mágico para o Flamengo, temporada em que o clube carioca conquistou Estadual, Campeonato Brasileiro e Libertadores da América, esta última depois de 38 anos de jejum. Antes do nascimento do filho, Gênesis já havia eternizado a taça da competição continental na pele, fazendo uma tatuagem. Ele conta que ao descobrir a gravidez, fez um combinado com a esposa Fernanda de Medeiros Chagas, de 34 anos, quanto ao nome da criança.

“A escolha do nome foi decorrente dessa nova era que estamos vivendo, momentos maravilhosos com vários títulos, nos dando alegrias e marcando na história. E eu queria homenagear esses jogadores para marcar na minha história também, além da tatuagem, eu queria o nome dos três jogadores. Na minha cabeça já iria ser Gabriel Henrique Arrascaeta, quando descobrimos a gravidez, combinamos que caso fosse menina, ela escolheria o nome, e se fosse menino, eu escolheria”, disse.

Gênesis eternizou na pele o bicampeonato da América (Foto: Arquivo Pessoal)

Porém, até chegar ao nome registrado, não foi fácil decidir. Gênesis havia pensado em homenagear somente o atacante Bruno Henrique, repetindo o nome do camisa 27 no filho, sugestão que no primeiro momento agradou a Fernanda. Meses depois, no meio da gestação, ele sugeriu a adaptação para “Gabriel Henrique”, para não deixar de fora o atacante Gabigol, artilheiro do Flamengo no século XXI, o que também foi aprovado por Fernanda. Mas Gênesis não estava satisfeito e sentiu que cabia mais gente nessa história.

No esperado dia do nascimento da criança, em 12 de abril, o barbeiro decidiu acrescentar o meia De Arrascaeta no bolo. Ele conta que comunicou Fernanda, que não gostou da sugestão e imediatamente discordou. Gênesis resolveu apelar mostrando vídeos de lances decisivos do maestro uruguaio com a camisa rubro-negra, como o golaço de bicicleta contra o Ceará e a assistência para Gabigol na final da Libertadores, a fim de derreter o coração da esposa.

Mesmo sem a confirmação, ele se dirigiu ao cartório após o parto para fazer o registro. Ele teve algumas dificuldades para oficializar a decisão por conta do “De”, antes do nome do uruguaio, que não permitiria que ele usasse o seu sobrenome “Silva”. No fim, Gênesis conseguiu finalizar os trâmites e voltou à maternidade com a Certidão de Nascimento em mãos, pronto para contar a novidade.

“Voltei do cartório para a maternidade calado, na minha, e ela me olhando desconfiada. Cheguei tirando o registro da pasta e balançando pra ela. Na hora, ela não acreditou, chamou a enfermeira, que ficou surpresa e também brincou. Ela ficou chateada na hora, mas depois cedeu um pouco. Hoje em dia ela está mais tranquila em relação ao nome, porque tá fazendo sucesso (risos)”, contou.

Família toda rubro-negra: Gênesis, Fernanda e Gabriel Henrique Arrascaeta (Foto: Arquivo Pessoal)

A paixão pelo Flamengo

Assim como milhares de torcedores amazonenses, Gênesis sustenta uma paixão por um time do eixo, com sede a muitos quilômetros de distância, o que não possibilita acompanhar a equipe no estádio com muita frequência. E justamente em uma das vindas do Flamengo à Manaus, em 2006, para um amistoso contra o Fast Clube, o fanatismo pelo clube se confirmou.

“Até então eu gostava, mas não acompanhava tanto. Desde aquele dia, que foi a primeira vez, a torcida lotou o estádio na época, os cantos, a vitória por 4 a 2 com gol de falta do Renato Abreu, do Obina, me encantaram. Desde então comecei a acompanhar e me dedicar mais ao Flamengo, surgiu uma paixão dentro de mim. Comecei a colecionar pôsteres de títulos, notícias, tudo. Vivi muitas emoções com o Flamengo, o clube tá no meu cotidiano, me emocionei muito no título brasileiro de 2009, com Adriano Imperador e Petkovic. Desde então o Flamengo é minha vida, minha paixão, eu abro mão de muita coisa pelo Flamengo”.

Flamengo veio à capital amazonense ainda no antigo Vivaldo Lima (Foto: Divulgação)

E a ideia de homenagear atletas do Flamengo não vem de hoje. Fã de Obina, Juan, Léo Moura, Ronaldo Angelim e outros, Gênesis pensou em batizar seu primeiro filho de “Bruno”, em referência ao goleiro, que passou pelo clube entre 2006 e 2010, muito querido pelo torcedor. Porém, pelas questões criminais que envolveram o atleta, codenado pela morte da mãe de seu filho, ele conta que achou melhor não concretizar a ideia, batizando o primogênito de Davi Lucca, que já tem 8 anos de idade.

Assim como muitos garotos, Gênesis tentou a sorte no futebol, mas por conta da falta de oportunidades, viu que a carreira não teria futuro, resolveu estudar e focar em outras coisas. Ele trabalha como barbeiro profissional há cinco anos junto com Fernanda, que é cabeleireira profissional há 14. O casal se sustenta com um salão próprio, localizado no bairro Vieiralves, zona Centro-Sul de Manaus.

Mas será que um outro ídolo do Flamengo pode ser homenageado em caso de uma nova gestação? Se depender de Gênesis, não. Ele afirma que não pretende ter mais filhos, até porque sua esposa passou por um procedimento cirúrgico para não engravidar mais.

Registro da criança, feito em 12 de abril (Foto: Arquivo Pessoal)



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