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Rio Negro abandona partida e é rebaixado pela sexta vez para a segunda divisão do Campeonato Amazonense

Com goleada para o RPE Parintins, o Galo da Praça da Saudade não tem mais chances de avançar para as quartas de final do segundo turno e é o primeiro rebaixado da edição

Um dos clubes mais tradicionais do futebol amazonense, o Rio Negro teve oficializado nesta terça-feira (19), mais um triste episódio em sua trajetória de 110 anos. O Galo da Praça da Saudade foi goleado pelo RPE Parintins, abandonou campo de jogo após sofrer o sétimo gol, perdeu as chances matemáticas de avançar às quartas de final do segundo turno do Campeonato Amazonense de 2024 e está rebaixado para a segunda divisão estadual pela sexta vez em sua história.

A queda já estava encaminhada desde o último sábado (16), quando a equipe foi goleada por 8 a 0 para o Manauara e não alcançaria mais a pontuação necessária para escapar da zona de rebaixamento na classificação geral.

A única chance do clube se salvar seria com o título do segundo turno, que não pode mais acontecer, visto que o Rio Negro tem apenas mais um jogo a disputar e quatro pontos o separam do quarto colocado São Raimundo na briga por uma vaga nas quartas de final.

O quinto e último rebaixamento do Galo havia sido em 2019. Em 2022, o clube conseguiu se organizar e retornar à primeira divisão com o título da Série B de forma invicta. Na temporada passada, também com um elenco mais curto e modesto, o Rio Negro conseguiu se manter na elite, porém, em 2024, viu o filme de anos anteriores se repetir.

O Rio Negro se despede da primeira divisão nesta sexta-feira (22), diante do Princesa do Solimões, às 15h45, no Estádio da Colina, pela 5ª e última rodada do segundo turno do Barezão. A equipe comandada por Sidney Bento não venceu nenhuma partida, tem dois empates e seis derrotas na competição, com quatro gols feitos e 26 sofridos até aqui.

Briga política e crise financeira

O rebaixamento consumado em campo é reflexo de vários episódios de brigas pelo poder do clube e situação financeira crítica antes mesmo da competição começar. Com o afastamento via Justiça e renúncia do presidente Jefferson Oliveira por má gestão em dezembro de 2023, uma disputa pela cadeira da presidência tomou conta dos bastidores do clube.

Os dois vice-presidentes eleitos em 2022, Álvaro Augusto Meninéa e Washigton Deneriaz, que deveriam estar afastados junto do ex-presidente Jefferson, passaram a disputar o cargo. Ainda em dezembro, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) concedeu efeito suspensivo na decisão e determinou que Washington assumisse a presidência.

Todo o imbróglio pelo poder atrasou a montagem do elenco e o início dos trabalhos de pré-temporada. Mesmo sem recursos, uma equipe modesta com a maioria de atletas vindo fora do estado foi montada. E o resultado no primeiro turno foi ruim. O time empatou duas vezes e perdeu três, ficando de fora do mata-mata.

Na transição do primeiro para o segundo turno, 12 atletas deixaram o clube, irritados pela falta do pagamento de salários. Funcionários e membros da comissão técnica também foram afetados com os atrasos. A direção conseguiu contratar outros sete atletas para compor o elenco, mas em campo, nada mudou, e os resultados pioraram. Foram quatro derrotas em quatro jogos até aqui, com o rebaixamento sacramentado, e nada dos acordos serem cumpridos.

Em contato com a reportagem do Esporte Manaus, um funcionário do clube, que preferiu não se identificar, relatou que a direção rionegrina oferece condições precárias de trabalho e pagou apenas um valor para que os atletas atuassem contra o Manauara, na segunda rodada. Isso porque, antes desta partida, havia um movimento para que o elenco não entrasse em campo, em protesto a falta de pagamentos.

Ainda de acordo com o funcionário, a nova promessa é de que o pagamento dos débitos só deve ocorrer quando o clube receber o aporte financeiro do Governo do Estado, que não tem data definida.

Ele (presidente Washington Deneriaz) não dá satisfação nenhuma e sabemos por outras pessoas das datas que sempre são prorrogadas. Atletas foram bloqueados, foram embora e não receberam nada do acordo. Não recebemos vale-transporte, alimentação não tem para todos, e principalmente o salário. Foi enviado um valor a alguns atletas para que não deixassem o jogo contra o Manauara e a vergonha foi clara. Perdemos da forma que perdemos. A alegação é que irão honrar somente com o pagamento do aporte financeiro do Governo. Mas até lá iremos ficar a ver navios?